Ao
olharmos para certas realidades, somos
tentados a proceder com uma análise meramente superficial. É o caso quando
observamos uma foto como essa. Numa primeira instância, só conseguimos perceber um amontoado de casas
que crescem verticalmente cada vez mais nas periferias de São Paulo e das
metrópoles, no entanto, ao lidar com essa comunidade percebemos que também
estão amontoados seus sonhos, seus ânimos, suas rixas, seus descontentamentos
(principalmente os que labutam por uma vida melhor, mas se vem na esteira da
vida, patinando sem sair do lugar), suas tristezas e falta de expectativas de
dias melhores.
Por
um lado, é preciso aprender lidar com as “autoridades locais” e por outro, tentar se
manter ileso em meio a um furacão de necessidades, violências e descaso do
poder público, em algum momentos a frase mais consistente a ser dita talvez
seja “terra de ninguém”.
É
nesse vai e vem da vida cotidiana que milhares de crianças e jovens estão sendo
moldados, não conforme a educação dos pais ou o ensinamento e/ou transmissão de
conhecimento produzido pelas escolas, mas desse sistema vicioso, que conduz o
pobre, o negro, o desvalido de recursos e taxados pelo capitalismo exarcebado
como classe social inferior, a um padrão de vida quase sempre a margem da dita “sociedade”. Não obstante a toda essa situação, nos vemos
cada vez mais longe do verde e do ambiente de equilíbrio das condições
favoráveis a própria existência da humanidade na terra, assim percebemos o
calor insuportável, onde as -03:00hs da madrugada, a temperatura ainda não
chegou a níveis de se ter um sono saudável e o que dizer das rápidas tempestades
que levam telhas, inundam casas e avenidas num piscar de olhos?
Com
a depredação da natureza, esgoto a céu aberto derramando-se nas águas das
nascentes e uma tremenda falta de pudor do homem em preparar o mundo para autodestruição
a cada dia que passa, é no mínimo
desesperador pensar como será a história das próximas décadas.
Quem
nos arremeteu a condições de vida tão execráveis tais quais contemplamos todos
os dias ao nosso redor?
O
paraíso está a caminho de se tornar um inferno em chamas e isso sem nenhuma
conotação espiritual, uma vez que carros e ônibus têm sido queimados a plena
luz do dia.
Se
não houver a curto, médio e longo prazo , uma ação retentora dos abusos na ação
humana, estaremos como diz o ditado popular, “cavando a própria cova” sem
nenhuma possibilidade de remendo.