quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ônibus de madrugada em São Paulo?


Quem estuda à noite ou trabalha em shoppings, supermercados ou outros estabelecimentos que encerram suas atividades bem tarde, frequentemente precisa “correr pra não perder o último ônibus”, ou, pior… esperar até amanhecer para voltar para casa.  Muitos, assim, ficam dependentes do carro particular, ou de taxis, opção pouco viável em função do custo, no cotidiano…
Muitas grandes cidades do mundo já contam com sistemas de transporte público que funcionam de madrugada. Em Londres, as linhas noturnas acompanham os trajetos do metrô, saindo da Praça Trafalgar. Em Barcelona, os ônibus da madrugada funcionam da 23h às 6h e, de sábado para domingo, não há interrupção na operação do metrô. Em Paris, um sistema noturno opera das 00h30 às 5h30 e, em Medellín, 65 linhas funcionam das 22h às 4h. Em Nova York o metrô não para, mas reduz o número de estações que ficam abertas.
Em São Paulo, o metrô fecha e apenas 98 linhas de ônibus operam de madrugada. Mas a Prefeitura já anunciou que, a partir do primeiro semestre de 2015, vai implementar uma rede de ônibus que funcionará de madrugada, da meia-noite às 4h. A proposta é ampliar o número de linhas para 140 e organizar o sistema. Os ônibus da madrugada deverão percorrer os principais eixos de transporte público da cidade (tanto nos corredores de ônibus, quanto nos trajetos do metrô) e, também, circular no interior dos bairros, com horários e intervalos fixos. Nos bairros deverão ser utilizados veículos menores, como os que atualmente são empregados pelas cooperativas.
À imprensa, a Prefeitura afirma que a medida beneficiará principalmente pessoas que estudam no período noturno, além de trabalhadores e frequentadores de bares, restaurantes e baladas que funcionam até tarde, em bairros como a Vila Madalena. Acredito, porém, que esses são apenas uma parte dos beneficiados: numa cidade como São Paulo, muitos serviços são realizados principalmente de madrugada (entregas, abastecimento de comércio, entre outros), outros simplesmente não param (hospitais e aeroportos, por exemplo), sem contar o grande número de pessoas que prefere “trocar a noite pelo dia” pra evitar perder horas em deslocamentos no trânsito. Uma rede de ônibus na madrugada, portanto, deve atender a necessidades mais amplas de mobilidade na cidade.
Ao anúncio destas mudanças somam-se os resultados da auditoria que a Prefeitura encomendou sobre o transporte público de São Paulo, investigando os serviços oferecidos pelos atuais concessionários e seus custos. Motivada pelas manifestações de junho de 2013 contra o aumento da tarifa, a auditoria mostrou, por exemplo, que 10,5% das viagens que deveriam ser realizadas simplesmente não o são. Além de ampliar e organizar a oferta de ônibus de madrugada, portanto, a cidade tem pela frente um enorme desafio, que é desenhar um novo modelo de contratação das empresas, revendo horários, frequências, custos e formas de fiscalização.
Ônibus de madrugada? Sim, vai ser muito bom se tivermos. Melhor ainda se este for um dos elementos de uma nova pactuação com as empresas prestadoras do serviço de transporte público, coisa que a cidade está precisando fazer faz tempo!

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